quarta-feira, 21 de abril de 2010

As viagens fantásticas de Marco Polo

As Viagens "Il Milione"
Marco Polo (1300)
Martin Claret (157 pág.)

Livro que marcou a idade média, inicialmente considerado como fantasioso mas que incitou, motivou e forneceu bases para os navegadores dos séculos que se seguiram, sendo responsável, por via direta, pela nossa existência aqui no Brasil.

Um preâmbulo necessário: 
Dois irmãos,Niccolò e Matteo Polo, comerciantes venezianos, partem em direção ao Oriente para vender seus produtos diretamente aos Mongóis.  São recebidos por Kublai Khan (neto de Gengis Khan) que, curioso sobre a doutrina cristã que os dois irmãos não sabiam explicar, os manda ao papa para que este lhe envie homens sábios, doutos, capazes de fornecer as informações que desejava.
Voltando à Italia, Niccolò encontra seu filho Marco, que deixara recém-nascido, agora com cerca de 15 anos. O papa morrera e o novo eleito (Gregório X) manda apenas dois jovens frades que logo desistem da viagem.
Mas os irmãos voltam com Marco Polo, de quem o Khan gosta muito, tanto que o nomeia dignatário do império mongol, na época em seu auge, em sua maior extensão, ultrapassando as conquistas de Genghis Khan e de Alexandre o Grande.
Marco passa dezessete anos viajando e conhecendo o vasto território.  Com a velhice de Kublai, temerosos de que um novo imperador não os trate da mesma forma, pedem permissão para voltar, permissão esta que o Khan concede de forma disfarçada, incumbindo-os de conduzir uma noiva a um parente da Pérsia.
De volta a Veneza, encontra a cidade em guerra contra Gênova.  Marco, então, é feito prisioneiro e, no cárcere, passa o tempo contando aos companheiros de prisão suas viagens.  Um outro prisioneiro, Rusticello, um escritor de Pisa, resolve colocar no papel as narrativas que recebem o nome de "O Livro das Maravilhas" ou "Il Milione".
Nasce então este livro. 

A narrativa segue mais ou menos na ordem da viagem e Marco Polo descreve costumes, roupas, hábitos alimentares, moedas, transportes, animais, produção agrícola e as riquezas.

Costumes: Marco cita povos em que a mulher pode arrumar um outro marido enquanto o seu viaja; outros em que os maridos deixam mulheres e filhas com os viajantes, como forma de hospitalidade, povos antropófagos...

Roupas: povos que andam nus; que se cobrem de jóias; que se vestem de sedas; que marcam o corpo ...

Alimentos: povos que comem carne crua, que não comem nenhum tipo de carne, que comem carne humana, que fazem bebida a partir do arroz, de frutas, da cana de açúcar...

Moedas:  Marco Polo cita moedas cunhadas em metais, em porcelana e até mesmo papel moeda.


Animais e plantas:  Nestes locais, ele tem a oportunidade de ver animais totalmente desconhecidos da Europa, elefantes, panteras e tigres (ele os chama de leões negros e leões listrados), inúmeras aves.
Descreve o rinoceronte, "o unicórnio", negando a forma que era dada ao animal nas ilustrações da época.

Ocorre que, como suas descrições são breves, sem muitos detalhes, a compreensão dos leitores continuou não sendo muito clara.
Na imagem a seguir, uma ilustração de uma cópia do seu livro, vê-se um elefante com patas semelhantes às dos felinos...

Mas o que realmente chamou a atenção de todos foi a descrição das riquezas, palácios, carros, pérolas, ouro, prata, rubis, turquezas, safiras...

Para os espíritos gananciosos, não bastava muito para se arriscar ao mar.


Nesta edição, após o livro, há dois pequenos estudos sobre a obra e sua época. Em um deles, uma frase resume bem a situação:

"... O jovem veneziano tinha partido para a China como portador da "civilização" do Ocidente para os "bárbaros" do Oriente.  Voltou para a Itália como mensageiro da boa vontade entre as raças igualmente civilizadas do Oriente e do Ocidente..." (Antônio Honfeldt)


Embora contenha muitas informações interessantes, a leitura é cansativa, posto que as descrições se repetem muito, em particular os hábitos de províncias próximas umas das outras.

Se o leitor não tiver um interesse particular, referente à época ou à região em si, não recomendo a leitura.

[terminei em 29/03/2010]

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