quinta-feira, 17 de março de 2011

O Fantasma de Canterville

O Fantasma de Canterville e outras histórias
Oscar Wilde (1887 - 1891)
L&PM (198 pág.)

Reunião de contos que haviam sido publicados, originalmente, em coletâneas diferentes.
Eu gosto de contos. Acho um tempo bom, suficiente para apresentar os personagens e desenvolver a história sem cansar.

Neste caso, é realmente um prazer. Oscar Wilde escreve muitíssimo bem e a tradução é irrepreensível.
Hoje em dia, Wilde é muito conhecido por suas citações.  Este livro guarda algumas.

O Crime de Lorde Arthur Savile (1891) - Jovem apaixonado, prestes a casar, durante uma festa tem seu destino lido por um quiroprático:  Assassinato.  Ele sai atordoado e pensando no que devia fazer...  (mais eu não conto...)

"O mundo é um palco, mas a peça está sendo encenada com um elenco péssimo."

O amigo devotado - Esse é capaz de enervar qualquer um, a gente realmente fica odiando um dos personagens...  Fala sobre a diferença entre falar e fazer.   Lembra um pouco, na forma, as fábulas de Esopo, La Fontaine...

" - Receio tê-lo aborrecido - (...)
O fato é que contei a ele uma estória com moral.
- Hmm! Isto é sempre uma coisa muito perigosa de se fazer (...)"

O fantasma de Canterville (1887) - O conto mais famoso de Wilde, que deu nome à coletânea.  Humor e crítica feroz.  Ele gira a metralhadora e ataca, ao mesmo tempo, americanos e ingleses.
Muito bom.

Uma família americana, na Inglaterra, compra a casa do Lord Canterville, apesar de todos avisarem que ela era assombrada pelo fantasma de um ancestral que ali matara a esposa e morrera.
Inicia-se, então, o confronto entre a família e o fantasma...

"Na verdade, era bastante inglesa em vários aspectos; um excelente exemplo de que temos tudo em comum com os Estados Unidos hoje, exceto, é claro, a língua."


O jovem rei (1888) -  Um rei morre sem filhos.  Ou melhor, ele deixa um filho bastardo que fora criado por uma família pobre.  De repente, ele se vê transformado em príncipe prestes a ser coroado.
Uma capa bordada em ouro, uma coroa com rubis e um cetro de pérolas estão sendo preparados para o grande dia.  Na véspera, maravilhado com tantas belezas e riquezas, dorme e sonha...

Impossível não lembrar de três outras histórias de outros grandes escritores:  A questão dos sonhos reveladores, que já havia sido utilizada por Dickens em seu "Conto de Natal" de 1843, e o pobre que se transforma em príncipe de Mark Twain em "O Príncipe e o Mendigo" de 1882.
Posteriormente, Tolstoi também produz um conto em que um Tzar sonha sobre sua vida em "O Reveillon do jovem Tzar" de 1895.

Recomendo todas as quatro.

"- Na guerra - replicou o tecelão -, o forte escraviza o fraco,
e, na paz, o rico escraviza o pobre."

O milionário modelo (1891) - Homem prestes a casar, mas sem dinheiro, visita um amigo pintor e limpa o bolso dando esmola a um mendigo que servia de modelo para um quadro. Leve, curto e divertido.

"Trevor era pintor. Na verdade, poucas pessoas escapam disso hoje em dia. 
Mas ele era também um artista, e artistas são muito raros."

O pescador e sua alma - Esse conto e o seguinte são os mais fracos da coletânea.  Homem se apaixona por uma sereia. Para viver com ela, deve se separar de sua alma.  Longo e cansativo.

O Retrato do Sr. W.H. (1889) - Desenvolvimento de toda uma teoria sobre a real identidade do "Sr. W.H." citado nos Sonetos de Shakespeare, envolvida em uma história sobre ética. Pode-se mentir na defesa de uma idéia? Cansativo.


O príncipe Feliz (1888) - Conto infantil.  Lindo e triste.

Uma andorinha faz amizade com a estátua de um príncipe que, em vida, havia sido feliz.  Só que agora, do alto de seu pedestal, ele enxerga o seu reino.

Não sei se foi por conta da andorinha, mas lembrei logo do Jorge Amado e seu "O gato malhado e a Andorinha Sinhá"
Só este conto já vale o livro que recomendo, sem dúvidas.


[terminei em 01/03/2011]

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