domingo, 13 de março de 2011

Uma Aventura na África

Uma Aventura na África (The African Queen)
John Huston (1951)
Humphrey Bogart / Katherine Hepburn

O cérebro da gente é estranho.
Às vezes a gente guarda impressões esquisitas sobre uma coisa e depois não sabe mais o porquê.
Sempre deixei para depois esse filme porque pensava que fosse tenso, complicado, desagradável...

Não é.
História simples e criativa, esplêndidamente contada por dois ótimos atores.
Katherine Hepburn dispensa qualificações, é excelente atriz, capaz de mostrar no rosto trezentos mil graus de emoções.
Boggart, cuja imagem ficou muito presa à do detetive durão, mostra neste trabalho, que era mais do que aquilo.  Muito mais.

O Oscar costuma ser um prêmio injusto, mas não foi neste caso.  Ele realmente mereceu.

Bom, em 1914, no meio da África, uma aldeia é totalmente destruída por soldados alemães e o pastor missionário morre (Robert Morley tem pequena participação, mas dá um show), logo após, do susto, desgosto, etc. Fica sua irmã (Hepburn), solteirona solitária, totalmente abandonada.
O barqueiro (Bogart) que costumava trazer mantimentos a resgata e vão os dois rio abaixo em um barquinho rudimentar (African Queen é o nome do barco).

Ele comenta que, no final do rio, há um lago onde está um grande navio alemão. Ela, então, tem a idéia de atacar o navio....
Mais eu não conto, veja o filme, vale a pena.

No DVD que peguei, tinha também um ótimo "making of", igualmente divertido.

Por ele a gente sabe que Bogart foi o primeiro a ser chamado. Quando lhe perguntaram com quem gostaria de trabalhar, escolheu Hepburn.

O filme foi quase todo rodado na África mesmo, dentro d'água, um trabalhão danado, sem condições mínimas de conforto e higiene.   (Em determinado momento, tiveram que abandonar parte do alojamento, tomado por formigas agressivas)


Lauren Bacall, esposa de Bogart, acompanhou a viagem e, apesar de ser estrela, não se comportou como uma, vez que ajudava a cozinhar, limpar, etc. 

Na foto, dos bastidores, aparecem os três, em momento entre tomadas. Bogart morreu um pouco após (1957), e Bacall e Katherine ficaram amigas até o fim da vida desta.

O documentário também conta que os produtores achavam que era melhor deixar o filme guardado, que aquilo jamais faria sucesso, afinal mostrar uma atriz praticamente sem maquiagem, mostrando sinais da idade...
Grande engano. John Huston deu um jeito de o filme ser exibido ainda em 1951 (em dezembro) e foi um grande, enorme sucesso.  A carreira de Hepburn, inclusive, mostrou uma nova ascensão a partir deste momento.

Conseqüentemente, o filme foi indicado, juntamente com atriz e ator para o Oscar imediatamente a seguir.

Bogart nunca tinha recebido o prêmio.  Nesta ocasião, achou que não teria chance, porque os outros indicados eram:  Montgomery Clift (Um lugar ao Sol), Marlon Brando (Um bonde chamado Desejo ou, sei lá porquê, "Uma rua chamada pecado") e Fredric March (A Morte de um Caixeiro Viajante), realmente uma disputa difícil.

Na noite, um amigo lhe perguntou o que iria falar.  Ele disse que nem tinha pensado nisso, achava que não ganharia.  O amigo então sugeriu:  suba, pegue a estatueta, em silêncio, olhe para ela, por um longo momento, e depois diga: "Até que enfim!"  Bogart riu, achou boa a idéia, disse que faria.

Quando, surpreso, foi realmente chamado, fez um longo discurso, agradecendo a todo mundo que podia.
Na volta, o amigo perguntou porque não fizera o combinado e ele respondeu: "Quando você ganhar o seu, você faz assim."

O filme também ganhou o Oscar.  Já o de melhor atriz não foi para Katharine, mas para Vivien Leigh (fantástica como Blanche Dubois).

Resumindo, recomendo o filme e o documentário.

[assisti em 26/02/2011]

2 comentários:

  1. Querida eu adoro as dicas de filmes que tu postas aqui, esse clássico eu não conhecia, mas fiquei com vontade de ver, ando com preguiça de cinema, nem sei porque, mas estou com uma lista imensa de filmes para ver e vou passar esse na frente, ah isso se encontrar aqui na província hehehehehe...
    estrelinhas coloridas...

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  2. Mi,
    esse é bom, você vai gostar. Conseguiu achar aqueles da Miss Marple?
    Beijocas,

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