quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O Jardim das Cerejeiras e Tio Vânia

O Jardim das Cerejeiras seguido de Tio Vânia
Anton Tchékhov (1904 e 1900)
trad. Millôr Fernandes
L&PM (148 pág.)

Teatro.

Este livro reuniu duas das peças mais famosas do escritor russo Tchékhov.

O Jardim das Cerejeiras mostra uma família que, originalmente teve posses e dominou uma região e que, no momento da peça, está em total decadência, com muitas dívidas.

Os mais velhos são dois irmãos, uma mulher, que vinha sendo explorada pelo novo companheiro, e seu irmão, que não faz nada além de jogar sinuca.

Eles voltam à velha casa da família, onde passaram uma infância feliz, e lá,  têm de enfrentar a questão das dívidas, já que a casa e o terreno, onde se encontra um lindo jardim de cerejeiras, estão ameaçados de ir a leilão.

Só que eles continuam em seus péssimos hábitos, se recusando a trabalhar e gastando de forma insensata...

Tchékhov faz um lindo retrato da Rússia em que vivia.
Ele coloca em xeque tudo e mais um pouco,  os hábitos perdulários da classe dominante, a questão dos escravos e a forma pela qual a escravidão foi abolida, a forma insensata e egoísta da nova classe que está assumindo o poder, dos novos ricos que, apesar de terem dinheiro, não têm sensibilidade para outras questões, e tudo isso circula em torno de um símbolo da própria Rússia: o jardim das cerejeiras que, embora lindo, praticamente não produz mais frutos.

É sua última peça, Tchékhov morre meses após, e ele se reflete no empregado que, esquecido por todos, depois de trabalhar toda uma vida em prol dos outros, se deita e morre, sozinho.

Já em Tio Vânia, o autor mostra como a classe intelectual se tornou inútil, já que não produz  mais nada, rodando em torno de seu próprio umbigo, com textos e críticas que não dizem coisa alguma, e como ela suga e explora os trabalhadores, que vivem de forma sofrida somente para sustentá-los, como o que dá nome à peça, o Tio Vânia.

Tchékhov escreve bem e é muito sensível e faz com que o espectador ou, no caso, o leitor, olhe em volta e, para si mesmo, com um olhar mais crítico.
 
Recomendado.

Ah, e a capa desta edição é linda! Foi uma escolha perfeita para as obras. 
[terminei em 02/01/2013]

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